quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Adesivo contraceptivo


O adesivo contraceptivo é um método hormonal de evitar uma gravidez não desejada. Em Portugal a única marca comercializada é o Evra ®. Contém etinilestradiol e norelgestromina, substâncias pertencentes às famílias dos estrogénios e progestagénios. O seu modo de acção é semelhante à dos contraceptivos orais combinados: inibe a ovulação, torna o muco cervical mais espesso e diminui a espessura do endométrio (camada que reveste o interior do útero).
O primeiro adesivo deve ser colocado no 1.º dia do ciclo menstrual, o segundo no 8.º dia e o terceiro no 15.º dia. No 22.º dia é retirado o adesivo e faz-se uma pausa de, no máximo, 7 dias, sendo de esperar uma hemorragia neste período. O primeiro adesivo da embalagem seguinte é colocado no 29.º dia (1.º dia do novo ciclo). O adesivo deve ser aplicado com firmeza em pele limpa, saudável, seca, sem pêlos no abdómen, na nádega, no braço ou na parte superior do tronco. Não deve ser colocado na mama nem em zonas onde tenham sido aplicados cremes ou maquilhagem. Não devem ser postos dois adesivos consecutivos na mesma zona de pele. O adesivo deve ser inspeccionado diariamente. Se um adesivo estiver descolado menos de 24 horas poderá ser substituído por outro e procede-se à substituição seguinte no dia programado, não se perdendo a eficácia. No folheto informativo estão descritas outras falhas.
Este método constitui uma opção para as mulheres que facilmente se esquecem de tomar a pílula. A eficácia não é afectada por alterações gastrointestinais como vómitos e diarreia.
Os efeitos secundários são semelhantes aos da pílula: dores de cabeça, enjoos, dor mamária,… O adesivo não é recomendado a mulheres com peso superior a 90Kg.
Caso tenha antecedentes de trombose venosa ou arterial, diabetes, hipertensão arterial, excesso de gorduras no sangue,... discuta com o seu Ginecologista as alternativas, riscos e benefícios.
(Imagem: http://blogs.usatoday.com/photos/uncategorized/2008/05/08/evra.jpg)

Pré-eclâmpsia


A pré-eclâmpsia é uma doença específica da gravidez e caracteriza-se por tensão arterial elevada, perda de proteínas através da urina e edema (inchaço) generalizado. Afecta 2-7% das grávidas, é a 3.ª causa de mortalidade materna e está associada a morte e sequelas fetais e neonatais por complicações directas (como a restrição do crescimento do bebé) e indirectas (relacionadas com o parto prematuro).
O desenvolvimento inadequado da placenta, mecanismos inflamatórios e imunitários contribuem para a sua origem. Existem alguns factores de risco como a gravidez de gémeos, a obesidade, os antecedentes familiares de pré-eclâmpsia e a diabetes dependente de insulina. Infelizmente, não existe nenhum teste que garanta se determinada grávida irá desenvolver pré-eclâmpsia.
Os sintomas incluem dores de cabeça, alterações visuais, dor na região superior da barriga, dificuldade em respirar, edemas e diminuição dos movimentos do bebé. Durante o exame objectivo o obstetra deverá medir a tensão arterial mais do que uma vez, palpar a barriga, constatar a presença de edemas e ouvir os batimentos cardíacos do bebé. As análises ao sangue e à urina são importantes para confirmar a doença e avaliar a sua gravidade. Poderá ainda ser feito um CTG (registo gráfico da frequência cardíaca fetal e das contracções uterinas) e uma ecografia para verificar o crescimento e o bem-estar do bebé.
O parto (não necessariamente por cesariana) é o tratamento definitivo. As decisões são tomadas conforme o tempo de gravidez e a gravidade da pré-eclâmpsia. A vigilância materno-fetal rigorosa, o repouso e os medicamentos que controlam a tensão arterial, evitam as convulsões e aceleram o desenvolvimento dos pulmões do bebé são algumas das medidas utilizadas.
Em grávidas de elevado risco poderá ser prescrito cálcio e doses baixas de ácido acetilsalicílico (aspirina) com o objectivo de tentar evitar a pré-eclâmpsia.
(Imagem: http://www.nature.com/ki/journal/v67/n6/images/4495287f1.gif)

Candidíase vulvovaginal


A candidíase vulvovaginal é uma infecção ginecológica muito frequente, afectando a maioria das mulheres pelo menos uma vez na vida. Trata-se de uma doença provocada por um fungo do género Candida. A espécie Candida albicans está envolvida em 90% dos episódios.
Estes fungos habitam o corpo humano, incluindo a vagina, e vivem num equilíbrio com as nossas células e com outros microorganismos. Certos desequilíbrios como a toma de antibióticos, alterações do pH vaginal, humidade e a gravidez podem conduzir ao desenvolvimento excessivo dos fungos.
O quadro clínico é caracterizado por ardor vulvar e durante a micção, prurido (comichão) intenso, disparêunia (dor durante o acto sexual) e corrimento vaginal abundante. O exame médico permite constatar um corrimento vaginal típico (esbranquiçado, espesso e com aspecto de requeijão), acompanhado de inchaço e vermelhidão dos genitais externos. Na maioria dos casos os dados referidos pela doente e os observados pelo ginecologista são suficientes para estabelecer o diagnóstico. No entanto, caso persista a dúvida, poderá ser colhida uma amostra de corrimento para exame laboratorial microbiológico.
O tratamento é feito através da administração de antifúngicos na vagina (creme ou comprimidos, vulgarmente designados de “óvulos”) ou por via oral ou em associação. O parceiro sexual deve ser tratado apenas se referir queixas ou em face de candidíases vulvovaginais de repetição.
Uma mulher que apresente episódios recorrentes de candidíase vulvovaginal deve ser avaliada de forma mais exaustiva pois estes poderão ser a manifestação de uma doença grave como a infecção VIH/Sida ou a Diabetes Mellitus.
Existem algumas medidas de prevenção como a higiene íntima diária com produtos adequados e a utilização de vestuário não muito apertado, privilegiando tecidos que não sejam sintéticos.
(Imagem: http://overcomingcandida.com/images/candida_gallery/candida_micro.jpg)

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Diabetes Gestacional: rastreio e diagnóstico


A Diabetes Gestacional é a incapacidade de gerir de forma adequada os açúcares (glicose) durante a gravidez. Tem tendência a desaparecer após o parto, embora seja factor de risco para a Diabetes Mellitus. Afecta 5% das grávidas e, quando não controlada, acarreta consequências graves para a mãe, feto e recém-nascido. É fundamental a sua detecção precoce.

Até 2011:

A Direcção Geral de Saúde recomenda que, entre as 24 e 28 semanas de gravidez seja efectuado um teste de rastreio (O’Sullivan) e que consiste em ingerir 50g de glicose, diluídas em água e colher sangue passada uma hora para medir a glicemia (concentração de glicose no sangue). Considera-se que a prova é positiva se esse valor for igual ou superior a 140mg/dl. Nestes casos tem de ser feita a prova de diagnóstico (PTGO) e que consiste em colher sangue em jejum, ingerir 100g de glicose diluídas em água e voltar a colher sangue passadas 1, 2 e 3 horas para determinação da glicemia. Considera-se que a grávida tem Diabetes Gestacional se 2 dos 4 valores estiverem alterados de acordo com uma tabela de referência. Se, após o teste de O’Sullivan, a PTGO for negativa, deve ser repetida às 32 semanas. Existem alguns factores de risco que motivam a realização do teste de rastreio logo no início da gravidez: idade superior a 34 anos, obesidade, mulheres que tiveram mais de 3 filhos, mais de 1 aborto espontâneo, Diabetes Gestacional numa gravidez anterior,… Não vale a pena fazer a prova de rastreio se a glicemia em jejum for superior a 140mg/dl ou, não estando em jejum, for superior a 200mg/dl. Estas mulheres têm já Diabetes Gestacional.
Cerca de 6 a 8 semanas após o parto as mulheres devem ser submetidas a uma PTGO com sobrecarga de 75g de glicose. Se a prova estiver alterada, serão classificadas, de acordo com os critérios da Organização Mundial de Saúde, como possuidoras de Diabetes Mellitus ou de Diminuição da Tolerância à Glicose.

Questão: Durante a gravidez da minha filha tive que fazer a PTGO e, para além de me tirarem sangue, também me pediram para urinar aos 60, 120 e 180 minutos. Gostaria de saber o motivo.

Resposta: A PTGO (Prova de Tolerância à Glicose Oral) consiste na colheita de sangue em jejum para determinação da glicemia (nível de açúcar); em seguida, a grávida ingere 100g de glicose diluídas em 400ml de água; passados 60, 120 e 180 minutos são feitas novas colheitas de sangue para determinação da glicemia. Durante a prova a grávida deve permanecer em repouso, sem fumar e sem beber ou comer. Nos 3 dias anteriores à prova não deve ser feita restrição de hidratos de carbono.
Quando 2 dos 4 valores estão alterados é feito o diagnóstico de Diabetes Gestacional.
Muitos laboratórios avaliam a glicosúria (concentração de glicose na urina) no momento das 4 colheitas de sangue. Tais determinações não alteram o diagnóstico, não têm implicações prognósticas para a mãe, feto ou recém-nascido, não acrescentam qualquer tipo de risco para a gravidez actual ou para o posterior desenvolvimento de Diabetes Mellitus. Não está, portanto, recomendada a sua realização.

A partir de 2011:

Ao longo da sua vida profissional o médico depara-se com alterações dos protocolos de diagnóstico e terapêutica, fruto da evolução científica. Por conseguinte, a permanente actualização e o investimento na formação contínua são fundamentais para o correcto exercício da Medicina.
A especialidade de Ginecologia/Obstetrícia não é excepção e, em 2011, o algoritmo de diagnóstico da diabetes gestacional (DG) foi profundamente modificado. A norma 07/2011 de 31 de Janeiro da Direcção Geral de Saúde deu corpo às reformulações. Preconiza-se que as grávidas façam a determinação da glicémia (açúcar no sangue) em jejum no 1.º trimestre. Valores superiores ou iguais a 126 mg/dL indiciam diabetes provavelmente anterior à gravidez; valores compreendidos entre 92 e 126 mg/dL apontam para DG; são considerados normais valores inferiores a 92 mg/dL. As mulheres compreendidas nos 2 primeiros grupos devem ser referenciadas para a consulta de Obstetrícia do hospital da área de residência onde serão devidamente acompanhadas. As grávidas com valores normais de glicémia em jejum devem fazer uma PTGO de 75 g (prova de tolerância à glicose oral) entre as 24 e as 28 semanas de gestação. A análise é executada de manhã, após jejum de 8 a 14 horas e precedida nos 3 dias anteriores de actividade física regular e de uma dieta não restritiva. É colhido sangue em jejum, 1 e 2 horas após a grávida ingerir 75 g de glicose diluídos em 300 mL de água. Se 1 dos 3 valores for superior ou igual aos limiares de referência (92/180/153 mg/dL) diagnostica-se DG. As mulheres que apenas iniciem a vigilância da gravidez após a 28.ª semana devem efectuar primeiro a glicémia em jejum e se esta for inferior a 92 mg/dL então submetem-se à PTGO. As doentes classificadas como provável diabetes prévia à gravidez e DG devem fazer análises 6 a 8 semanas após o parto para uma reavaliação do seu estado.

(Imagem: http://www.dorchesterhealth.org/Images/197241.jpg)

Implante contraceptivo


O implante contraceptivo é um método hormonal de evitar uma gravidez não desejada. Em Portugal a única marca comercializada é o Implanon ®. Trata-se de um bastonete com 4 cm de comprimento e 2 mm de espessura, introduzido sob a pele da face interna do braço. A sua inserção e remoção são efectuadas por um médico, num consultório, com anestesia local. Actua através da libertação de uma hormona da família da progesterona (etonogestrel), impedindo a ovulação e tornando o muco do colo do útero mais espesso. Dura 3 anos, ao fim dos quais pode ser substituído por um novo. A sua eficácia é elevada, comparável à da laqueação de trompas.
Deve ser colocado até ao 5.º dia após o início da menstruação, altura em que o efeito contraceptivo é imediato; pode ser colocado noutra altura desde que se utilize o preservativo nos 7 dias seguintes; pode ser colocado após o parto, não interferindo com o aleitamento.
Existem algumas contra-indicações que devem ser discutidas com o seu médico: doenças do fígado, hemorragias vaginais de causa não esclarecida, cancro da mama e doença cardiovascular.
Um efeito secundário frequente é a diminuição ou abolição do fluxo menstrual, facto que não tem consequências para a saúde da mulher. Podem também ocorrer perdas sanguíneas irregulares. Quando forem prescritos medicamentos, deve avisar o médico de que é portadora de um implante.
É um método reversível: a mulher retoma a sua fertilidade logo após a remoção do implante. Lembre-se que este método não protege contra as infecções sexualmente transmissíveis.
(Imagem: http://www.cmdrc.com/Data/Images/Implanon%204.jpg)