segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Exercício físico e gravidez


A prática de exercício físico tem sido progressivamente implementada em Portugal e é vista como parte de um estilo de vida saudável. A relação entre o exercício físico e a gravidez está sujeita a vários receios e crenças populares.
O exercício físico proporciona uma sensação de bem-estar físico e psicológico à grávida e não conduz a desfechos obstétricos e neonatais desfavoráveis. Naturalmente, não devem ser tentados objectivos semelhantes ao treino de competição. O exercício previne a diabetes gestacional, evita o aumento excessivo do peso, reduz as queixas osteomusculares, melhora a capacidade de resistência do feto e torna o trabalho de parto mais curto. As actividades com elevado risco de perda de equilíbrio devem ser desaconselhadas como o hipismo e o ciclismo. Desaconselham-se actividades com a mulher deitada de costas após as 16 semanas. O exercício na água é seguro (sem exceder temperaturas de 32 ºC) ao contrário do mergulho. O exercício físico acima de 2500m só deve ser feito após 4-5 dias de adaptação. O exercício físico moderado após o parto não prejudica o aleitamento e ajuda à recuperação perineal.
Os sinais de alerta que devem motivar a interrupção imediata do exercício são: dificuldade em respirar, dor no peito, palpitações, dor abdominal ou pélvica, dores de cabeça, tonturas, dor muscular intensa, hemorragia vaginal e perda de líquido amniótico. Em certas circunstâncias deve existir um aconselhamento específico feito pelo médico assistente: atletas de competição profissional, doença cardíaca, HTA, restrição do crescimento fetal, colo uterino curto, placenta prévia, gravidez de gémeos, anemia,…
Em conclusão, qualquer grávida sem patologia pré-existente ou doença materno-fetal pode praticar exercício físico utilizando bom senso na selecção das actividades.
(Imagem:http://findmeacure.com/2009/04/18/pregnancy-exercise-helps-baby)

Mamografia



A mamografia é um exame radiológico não invasivo que utiliza uma baixa dose de radiação. A tecnologia digital e a leitura computorizada são dois progressos científicos que auxiliam a interpretação da mamografia.
No dia do exame não deve utilizar produtos desodorizante, loções ou pó talco pois podem originar artefactos de imagem; descreva quaisquer sintomas mamários e seja portadora de mamografias anteriormente realizadas. Durante o procedimento será orientada acerca do posicionamento de forma a se obterem, para cada mama, duas incidências: crânio-caudal e médio-lateral oblíqua. É necessária uma certa compressão do seio para expor a totalidade dos tecidos, manter a mama fixa, minimizar a dose de radiação, facilitar a visualização de lesões muito pequenas e melhorar a qualidade da imagem final. A ecografia mamária habitualmente complementa a mamografia e permite, por exemplo, a distinção entre lesões sólidas e quísticas.
A interpretação das imagens está a cargo de médicos radiologistas com experiência nesta área. No relatório do exame consta a descrição exaustiva de tudo o que foi observado e uma classificação final de acordo com o sistema BIRADS (Breast Image Reporting and Data System): categoria 0 – estudo inconclusivo, sendo necessárias imagens adicionais; 1 – exame normal; 2 – alterações benignas; 3 – alterações provavelmente benignas; 4 – lesões suspeitas; 5 – alterações malignas (cerca de 95% de probabilidade); 6 – lesões malignas comprovadas em exame anátomo-patológico anterior.
A periodicidade de realização deste exame com vista ao rastreio do cancro da mama não é integralmente consensual, pelo que sugiro que converse com o seu ginecologista acerca deste tópico.

A mamografia é um exame fundamental na prática clínica. Constitui um elo da cadeia que visa o diagnóstico precoce do cancro da mama e de alterações pré-malignas com o objectivo de melhorar o prognóstico e a qualidade de vida das doentes. A mamografia, mesmo quando suplementada por estudo ecográfico, não elimina a necessidade de uma meticulosa e regular avaliação das mamas no âmbito de uma consulta de Ginecologia.
Para além da sua integração em programas de rastreio com uma periodicidade predefinida, existem outras indicações para a realização de uma mamografia, nomeadamente, caracterização de uma massa ou outra anomalia detectada pela mulher ou pelo médico, avaliação da mama do lado oposto àquela onde foi diagnosticada uma lesão maligna, exclusão de cancro da mama antes de uma cirurgia plástica, vigilância de doentes com cancro da mama submetidas a uma cirurgia conservadora e pesquisa de uma neoplasia oculta em doentes com metástases.
Sempre que possível, devem ser facultados os exames anteriores ao médico radiologista que interpreta as imagens. A comparação entre a mamografia actual e as anteriores é muito importante, pois dá uma noção da evolução cronológica de determinado achado. Consoante as alterações observadas, poderá ser recomendada a repetição da mamografia e/ou ecografia mamária dentro de alguns meses, a realização de uma ressonância magnética nuclear ou a caracterização anátomo-patológica através de punção aspirativa com agulha fina ou biópsia.
Hoje em dia ainda existem muitas mulheres a quem são diagnosticados cancros da mama em estádios avançados cuja progressão teria sido evitada caso realizassem mamografias periodicamente.

(Imgens: http://vidaempaz.wordpress.com/2008/11/26/mutirao-da-mamografia; http://www.intramed.net/contenidover.asp?contenidoID=50570)