sexta-feira, 11 de junho de 2010

Gémeos


Os gémeos ocorrem em 1,1% das gravidezes espontâneas (a incidência após técnicas de reprodução medicamente assistida é bastante superior), constituindo, simultaneamente, motivo de alegria e de preocupação pelo risco obstétrico acrescido.
2/3 dos gémeos são dizigóticos (gémeos “falsos”): resultam da fecundação de 2 óvulos por 2 espermatozóides e apresentam duas placentas e duas bolsas amnióticas. 1/3 dos gémeos são monozigóticos (gémeos “verdadeiros”): resultam da fecundação de 1 óvulo por 1 espermatozóide, seguida da divisão em dois seres. Quando a divisão ocorre nas primeiras 72 horas após a fertilização, haverá duas placentas e duas bolsas amnióticas; quando ocorre entre o 4.º e 8.º dia origina-se uma placenta e duas bolsas amnióticas; entre o 9.º e 12.º dia forma-se uma placenta e uma bolsa amniótica; após o 12.º dia surgem os gémeos siameses.
As principais complicações associadas à gavidez gemelar são: hipertensão arterial, pré-eclâmpsia, diabetes, anemia, hemorragia pós-parto, aborto, parto pré-termo, anomalias congénitas, restrição do crescimento fetal, transfusão feto-fetal e morte fetal intra-uterina.
A duração da gravidez gemelar é inferior à de uma gravidez unifetal e, habitualmente, considera-se o marco da 37.ª semana como o termo da gestação (excepto quando só há uma bolsa de águas, estando nestes casos indicada cesariana entre a 32.ª e a 34.ª semana).
A gravidez de gémeos deve ser acompanhada por um obstetra e, regra geral, o número de consultas e de exames complementares de diagnóstico é superior ao preconizado para uma gravidez unifetal.
Existem algumas controvérsias científicas no que respeita ao tipo de parto, devendo o casal e a equipa médica, à luz da experiência do seu hospital, discutir as opções e respectivas vantagens e desvantagens.
(Imagem: http://www.childrenscentralcal.org/HealthE/PublishingImages/em_1861.gif)

Rotura prematura de membranas


A rotura prematura de membranas (RPM) é a expressão utilizada quando a bolsa de águas rompe antes do início do trabalho de parto, independentemente do tempo de gestação. Ocorre em 10% das grávidas de termo (37 a 42 semanas) e é responsável por 25 a 33% dos partos antes do tempo. Existem alguns factores de risco como infecção ginecológica, gravidez de gémeos e traumatismo abdominal. Por vezes é difícil a grávida distinguir a RPM da transpiração, corrimento abundante e perda de urina.
Caso sinta líquido a escorrer a partir da vagina deve dirigir-se ao hospital. A abordagem médica inclui a entrevista clínica e o exame objectivo. Deverá ser efectuada a datação da gravidez e questionado o historial médico-cirúrgico e obstétrico, hora em que ocorreu a suspeita de RPM e características do líquido. A observação da grávida inclui a tensão arterial, frequência cardíaca, temperatura, palpação abdominal, auscultação da frequência cardíaca fetal e exame ginecológico. Existem alguns testes rápidos que auxiliam a discernir a RPM. O médico poderá também realizar uma ecografia, solicitar análises laboratoriais e um CTG.
Quando se confirma a RPM procede-se ao internamento da grávida. As principais complicações maternas são a infecção e o tromboembolismo venoso. Do ponto de vista fetal os riscos são a prematuridade, doenças pulmonares, deformações esqueléticas e compressão do cordão umbilical. A decisão de se proceder ao parto ou manter a vigilância depende de vários critérios, os quais deverão ser discutidos entre o casal e as equipas médicas de Obstetrícia e Neonatologia. Quando a gravidez está longe do termo (<34 semanas) procede-se à estimulação da maturação pulmonar, medica-se com antibióticos e faz-se uma vigilância seriada do bem-estar materno-fetal. Quando a grávida está em final de tempo e não há contra-indicação ao parto por via vaginal, procede-se à sua indução.
(Imagem: http://www.reshealth.org/images/greystone/em_0259.gif)

Pílula contraceptiva I e II



A pílula é um método contraceptivo amplamente conhecido e, quando correctamente utilizado, bastante eficaz na prevenção de gravidezes indesejadas. Sob este termo genérico existem diversos medicamentos disponíveis no mercado, com características próprias. Há pílulas combinadas, isto é, associações entre um estrogénio e um progestativo e pílulas que apenas contêm um derivado da progesterona.
No que respeita às pílulas combinadas, certas marcas são monofásicas (a dosagem é igual desde o primeiro até ao último comprimido), outras são bifásicas ou trifásicas (há dois ou três tipos de comprimidos com dosagens diferentes, habitualmente identificados por cores diferentes). Quanto ao número de comprimidos a tomar em cada ciclo, também há diferenças entre as várias marcas, sendo mais frequentes as pílulas com 21 comprimidos. De modo a evitar esquecimentos aquando do início da toma da embalagem seguinte, algumas marcas têm, no final do ciclo, comprimidos placebo, isto é, sem qualquer composto hormonal adicionado; assim, a mulher inicia a nova embalagem logo após ter tomado o último comprimido da embalagem anterior. Atenção que na pílula com progestativo isolado, de toma diária contínua, todos os comprimidos contêm substância activa. As pílulas combinadas também diferem na dosagem de estrogénio. Em todas as pílulas combinadas o estrogénio é o etinilestradiol, excepto uma marca que contém valerato de estradiol. Quanto ao componente progestativo, existem várias moléculas disponíveis (desogestrel, gestodeno, drosperinona,…), cuja opção pode depender de outros objectivos desejados como por exemplo, o efeito anti-androgénio para combater a acne e o excesso de pêlos.
A escolha de uma pílula não deve ser feita ao acaso; tendo em conta as múltiplas marcas existentes, cabe ao ginecologista a selecção daquela que mais se adequa a cada mulher.

Neste artigo serão abordados alguns temas práticos referentes à pílula contraceptiva. Este método pode ser iniciado no 1.º dia do período menstrual ou logo após um aborto do 1.º trimestre. As pílulas apenas com progestativo podem ser começadas por volta do 15.º dia após o parto mesmo que a mulher esteja a amamentar.
Os contraceptivos orais implicam o cumprimento de um horário. Caso ocorra um esquecimento inferior a 12 horas, o comprimido em falta deverá ser tomada de imediato e a mulher deve continuar o esquema habitual. Quando o esquecimento for superior a 12 horas, a mulher deve ler o folheto informativo ou consultar o seu ginecologista acerca das medidas a implementar. Os vómitos e a diarreia constituem indicações para utilizar um método contraceptivo adicional.
De um modo sumário, as principais contraindicações para uma pílula combinada são a presença, predisposição, factores de risco ou antecedentes de tromboses venosas ou arteriais, doenças do fígado, enxaqueca grave, hemorragia genital de causa não esclarecida, tumores dependentes de hormonas, gravidez e aleitamento. As pílulas apenas com progestativo têm menos contraindicações e podem ser utilizadas em mulheres que já sofreram alguma trombose ou tenham factores de risco para doença cardiovascular como, por exemplo, HTA.
Existem diversas interacções medicamentosas a ter em consideração, tais como antibióticos e anti-epilépticos; é importante informar que toma a pílula sempre que lhe for prescrito algum medicamento. Algumas infusões também podem alterar a eficácia da pílula, como a erva de São João. Certos parâmetros das análises laboratoriais sofrem interferência devido à pílula contraceptiva.
(Imagens: http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/ency/images/ency/fullsize/10343.jpg; http://amalt.files.wordpress.com/2008/01/pills.jpg)

Trabalho de parto


O trabalho de parto (TP) é o desfecho normal de uma gravidez e consiste na ocorrência de contracções dolorosas regulares, acompanhadas de alterações do colo uterino com o objectivo de fazer o bebé nascer. Está dividido em três estádios e, geralmente, é precedido pela saída do rolhão mucoso, uma secreção espessa e tingida de sangue.
No 1.º estádio o colo amolece, encurta-se e dilata; quando ainda existe um trajecto é comum dizer-se que o colo é permeável à polpa digital, a um, dois ou três dedos. A partir do momento em que o colo está apagado, isto é, apenas existe um anel na parte inferior do útero, diz-se que o colo tem x centímetros de dilatação (até 10 cm, ou seja, dilatação completa. A fase latente decorre até aos 3 cm e, partir desse marco, verifica-se a fase activa.
O 2.º estádio ou período expulsivo é altura em que o colo já não se modifica mas a cabeça do bebé desce ao longo do canal de parto. Existem diversos movimentos que o bebé executa até sair completamente do ventre materno: encravamento, descida, flexão, rotação interna, extensão, rotação externa e expulsão.
O 3.º estádio ou dequitadura corresponde à saída da placenta.
Quando as contracções se tornam muito frequentes é altura de dirigir-se ao hospital onde irá ter o bebé. A evolução do TP será periodicamente avaliada e, em caso de necessidade, poderão adoptar-se algumas medidas para optimizá-lo como a analgesia epidural, a perfusão de oxitocina, a rotura artificial da bolsa amniótica e a mudança de posicionamento. A paragem de progressão do TP no 1.º estádio é uma indicação para cesariana. Durante o período expulsivo, a não progressão da cabeça do bebé poderá motivar uma cesariana ou a utilização de fórceps ou ventosa.
(Imagem: http://i239.photobucket.com/albums/ff189/labornursepics/dilationandeffacement.gif)

Terapêutica hormonal


A terapêutica hormonal de substituição ou de compensação ou apenas terapêutica hormonal (TH) são expressões que designam um conjunto de medicamentos hormonais direccionados às consequências nefastas da menopausa.
Os seus benefícios são o tratamento dos sintomas vasomotores (afrontamentos) e da atrofia urogenital, a prevenção da osteoporose e do cancro do cólon. Os potenciais riscos incluem o tromboembolismo venoso, doenças cardiovasculares e o cancro da mama. Existem mulheres que não podem iniciar esta medicação, nomeadamente, as doentes com trombose activa, doenças agudas do fígado, cancros dependentes de hormonas e hemorragia vaginal de causa não esclarecida. A incidência destas complicações é reduzida quando as pacientes são cuidadosamente avaliadas antes de começarem a TH. A eficácia e segurança do tratamento são tanto maiores quanto mais cedo for iniciado. Na menopausa precoce (antes dos 40 anos de idade) é aconselhável a instituição de TH pelo menos até à idade média da menopausa.
Os fármacos podem ser administrados por via oral (em comprimidos), por via transdérmica (adesivos cutâneos) ou por via vaginal (cremes ou óvulos). Estes últimos têm por objectivo o tratamento de queixas locais como o ardor, dor e secura vaginal, dor durante as relações sexuais e alterações urinárias.
A TH após a menopausa visa a melhoria da qualidade de vida, devendo ser individualizada às características e necessidades de cada mulher. É fundamental o acompanhamento clínico numa consulta de Ginecologia, a discussão acerca da duração da TH e a realização de exames periódicos como análises clínicas, citologia do colo uterino, ecografia pélvica e mamografia.
(Imagem: http://womenhealthcareblog.files.wordpress.com/2009/11/menopause-treatment-by-hrt.jpg)