quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Varicela e Gravidez


A varicela é uma doença viral frequente na infância, tem um período de incubação de 15 dias, é infecciosa desde 2 dias antes das lesões da pele até 5 dias após a formação das crostas, transmite-se por via respiratória ou contacto directo e, geralmente, o seu quadro clínico é benigno. É comum ocorrer febre, mal-estar, dor de cabeça, falta de apetite e lesões cutâneas na face, tronco e membros, com a seguinte evolução cronológica: mácula, pápula, vesícula, pústula e crosta.
5% dos casos ocorrem em adultos, atingindo 1 em cada 2000 grávidas. Para a mãe a doença é mais grave, podendo desenvolver pneumonia e infecção do sistema nervoso central. Administra-se antivirais nos quadros graves. As complicações fetais são: malformações (até 6,5% dos casos no 1.º trimestre e até 1,1% no 2.º e 3.º trimestres), baixo peso e varicela neonatal (se a grávida for infectada pouco tempo antes do parto).
Se uma grávida já teve varicela não precisa preocupar-se. Se se verificar um contacto e a grávida nunca teve varicela, pode ser feita uma análise para confirmar se, efectivamente, não possui anticorpos oriundos de uma infecção antiga. A grávida não imune é medicada com um soro protector (imunoglobulina) nas primeiras 48 a 96 horas após a exposição. Se a grávida desenvolver a doença ou as análises mostrarem uma alteração do perfil de anticorpos, há risco de zona na infância se a gravidez tiver mais de 20 semanas. Se a doença ocorrer na primeira metade da gravidez está indicada uma vigilância rigorosa através de ecografias e, sob aconselhamento médico, a realização de amniocentese (para verificar se o bebé foi infectado). A decisão da interrupção da gravidez, face a malformações e infecção do feto requer sempre uma abordagem individual.
Na consulta pré-concepcional, perante uma mulher que garanta nunca ter tido varicela, é admissível propor a vacinação, adiando um pouco a gravidez.
(Imagem: http://www.accesskent.com/Health/HealthDepartment/CD_Epid/images/chickenpox.jpg)

2 comentários:

  1. eu tenho varicela e tenho 18 anos quando era pequenina levei a vassina sera que vai demurar muito tempo a passar me ?

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  2. Embora o propósito deste blog não seja bem este, respondo à sua questão da seguinte forma: a vacina contra a varicela surgiu em Portugal em 2004 (a senhora tinha 7 anos na altura), não faz parte (e bem) do Plano Nacional de Vacinação (gratuito nos centros de saúde)e a Sociedade Portuguesa de Pediatria sugere alguns grupos específicos que eventualmente podem beneficiar da vacina. Assim, caso seja portuguesa, fica a dúvida: terá sido mesmo vacinada? Admitindo que realmente foi vacinada, efectivamente podem existir casos de doença pelo facto de a vacina não ter sido eficaz. A apresentação clínica da varicela é muito variável: há pessoas que desenvolvem mais lesões do que outras; há pessoas que ficam com mais febre do que outras; há pessoas que ficam afectadas durante mais tempo do que outras. Deste modo, é impossível, para mim, prever a duração que a varicela terá em si. Infelizmente, nos adultos, a doença é menos benigna e tem maior probabilidade de complicações. Recomendo os habituais cuidados de higine com a pele, não coçar as lesões cutâneas, tomar um anti-histamínico para aliviar a comichão, hidratar-se, combater a febre (> 38ºC) com paracetamol. Em caso de dúvida ou agravamento do estado de saúde deve consultar o seu médico assistente. Existem também alguns truques populares que podem ser úteis como por exemplo dormir com meias calçadas nas mãos para reduzir os danos da coceira durante o sono e tomar banho com farinha Maizena (r).

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